1920-1929 - O vôo do vampiro A década de 20 marcou o aparecimento dos primeiros astros do gênero através de filmes melhor elaborados, muitas vezes contando com recursos de maquiagem que tornaram os monstros mais reais. Lon Chaney, conhecido como "o homem das mil faces", não apenas foi um dos atores mais marcantes do cinema mudo, mas também um mestre da maquiagem, criando suas próprias caracterizações nos clássicos O Corcunda de Notre Dame (The Hunchback of Notre Dame, 23), O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera, 24) ( Fig.05 ) e o desaparecido London After Midnight (1927) ( Fig.06 ) , outro filme abordando o vampirismo. Infelizmente, Chaney morreu vitimado por câncer na garganta antes de sua primeira experiência no cinema falado, enquanto era cogitado para interpretar o Conde Drácula. Apenas no ano de 1920 foram realizados três filmes baseados no livro O Médico e o Monstro , de Robert Louis Stevenson - ao todo, somente na fase do cinema mudo, foram feitas sete adaptações americanas desta obra. A mais elogiada desse período contou com um impressionante desempenho do astro John Barrymore, interpretando o papel duplo em O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde) ( Fig.07 ), sem qualquer recurso de maquiagem ou efeitos visuais. Nosferatu, uma Sinfonia do Horror (Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens, 22) ( Fig.08 ) , de F.W. Murnau - outro belíssimo clássico do cinema mórbido alemão - apropriou-se do enredo do livro Drácula tratando de trocar nomes e lugares. Porém, a história do horrendo chupador de pescoços Conde Orlok (Max Schreck) em busca de sua amada deixava bem clara sua inspiração. A viúva de Bram Stoker processou os produtores do filme por violação de direitos autorais, conseguindo que todas as cópias fossem destruídas. Felizmente para os fãs de horror, pelo menos um exemplar sobreviveu e hoje podemos conhecer o mais feio e triste vampiro do cinema. Em 1979 Werner Herzog realizou um remake muito fiel deste clássico. Nosferatu, o Vampiro da Noite (Nosferatu, Phantom der Nacht) ( Fig.09 ) , com Klaus Kinski e Isabelle Adjani nos papéis centrais, pouco inventou em cima da obra muda original - apenas recontou a história com cores pastéis e o recurso do som. O Mundo Perdido (The Lost World, 25) ( Fig.10 ) não apenas introduziu os monstros pré-históricos no cinema como também tornou-se a própria pré-história dos efeitos visuais, graças ao grande mago Willis H. O'Brien. Para movimentar nas telas os dinossauros descritos no romance de Conan Doyle, o revolucionário O'Brien desenvolveu a técnica do stop-motion, que consistia em fotografar os bonecos articulados quadro a quadro, dando a impressão de movimento. O sucesso desta primeira aventura com lagartos gigantes motivou na década seguinte a produção do clássico King Kong (33) ( Fig.11 ) , apresentando efeitos visuais ainda mais elaborados para contar o romance impossível entre um gorila gigantesco e a frágil heroína loira Fay Wray. Além de subtons eróticos e um final apoteótico no alto do prédio Empire State, o filme mostrou o gorilão lutando contra dinossauros em cenas emocionantes.